Gabriel Castillo

Universidade Federal de Lavras – 3rlab

 A prática da fertirrigação é difundida em todo o mundo, utilizada tanto em regiões secas e áridas como em regiões úmidas e chuvosas nas quais há intensa perda de nutrientes por lixiviação. Essa prática se caracteriza na fertilização associada com a irrigação, ou seja, a adubação mineral da lavoura é feita pelo próprio sistema irrigação.

A fertirrigação foi introduzida no Brasil inicialmente na produção de orgânicos, e rapidamente se adentrou nos cultivos convencionais. Segundo uma pesquisa realizada na Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), publicado na Revista Agrarian, o método gera enormes vantagens para os produtores. Existem diversos sistemas que possibilitam a fertirrigação, entre os principais métodos de se adotar essa prática encontra-se o gotejamento.

 Fertirrigação por gotejamento na cultura do milho

 Na cultura do milho a fertirrigação tem se mostrado lucrativa e rentável, e apresentado melhor economia quando comparada à adubação mecanizada. A prática da fertirrigação por gotejamento (figura 1) se tornou uma ferramenta prática para fornecer água a planta, bem como fertilizantes e defensivos. Neste sistema os nutrientes são diluídos na água e aplicados de maneira lenta e contínua, fazendo com que o produto infiltre no solo, prevalecendo então a absorção radicular e não a foliar. Dessa maneira, o sistema deixa na rizosfera a presença simultânea ideal de água e oxigênio, algo que favorece a cultura do milho. Além disso, com essa prática é possível atingir melhor eficiência na aplicação de adubos, uma vez que os nutrientes são aplicados somente na região do sistema radicular e com melhor uniformidade na distribuição.

 Figura 1- Fertirrigação por gotejamento na cultura do milho.

 Para um melhor funcionamento do sistema de fertirrigação por gotejamento, alguns passos devem ser seguidos. Sendo principalmente estes:

1. Escolha do fertilizante: para que um produto seja utilizado dentro do sistema, é imprescindível que este seja solúvel em água;
2. Estabelecer quantidade de nutrientes e parcelamento: para melhor definição das quantidades de nutrientes exigidas pela planta, bem como sua distribuição ao longo de suas fases (fase vegetativa ou fase reprodutiva) e estádios é importante a presença de um profissional.
3. Compatibilidade entre os produtos escolhidos: é necessário obter conhecimento das fontes utilizadas no preparo da calda ou utilização de adubos líquidos, uma vez que estes podem reagir entre si, formando produtos indesejáveis.
4. Início e fim da fertirrigação: para o início da aplicação dos fertilizantes é importante certificar-se que o sistema de irrigação está pronto e em bom funcionamento, principalmente da bomba injetora. Após a aplicação de toda solução preparada para aquela área é importante manter o sistema de irrigação funcionando por um determinado período, este conhecido como tempo de avanço, para melhor aproveitamento do fertilizante.

Com a utilização do gotejamento é possível distribuir melhor o volume total e em mais frações ao longo do dia, isso contribui para manter o nível ideal de umidade no solo, evitando assim a ocorrência de um futuro estresse hídrico, algo extremamente prejudicial para a cultura do milho. Além disso, é possível distribuir os fertilizantes de maneira mais homogênea, atendendo melhor as exigências nutricionais da planta. Um grande exemplo disso é a adubação com nitrogênio, principal elemento dentro da cultura que poderá ser melhor distribuído nas suas fases de maior exigência, que ocorre da quarta à décima semana após o plantio. Nesse sistema evita-se o excesso de dosagens na pré-semeadura e até mesmo o uso de fertilizantes de lenta cessão, que possuem maior preço de custo no mercado.

Dessa maneira, os fertilizantes nitrogenados serão distribuídos de maneira mais uniforme e melhor fracionado, evitando assim as grandes perdas por lavagem ou até mesmo pela falta de chuva, uma vez que a aplicação do fertilizante ocorre junto a irrigação por gotejo.

Sendo assim, além de contribuir com menores impactos ambientais, pode melhorar em até 30% a eficiência na aplicação dos fertilizantes.
A fertirrigação, se bem manejada, traz rápido retorno econômico ao produtor, isto é, gera maior lucro e de maneira rápida, uma vez que diminui os custos e ainda aumenta a produtividade da cultura quando aplicado um bom programa de funcionamento para o sistema.

Além disso, traz outros inúmeros benefícios dentre os quais podem ser destacados:

• Melhor aplicação da quantidade e concentração de nutrientes necessários à planta;
• Possibilidade de aplicação de outros produtos, tais como: fungicidas, herbicidas e entre outros;
• Melhor eficiência na aplicação de nutrientes atendendo as exigências nutricionais da planta, evitando assim excessivas dosagens e lixiviação dos insumos;
• Melhor distribuição e infiltração das águas no terreno e de modo uniforme, mantendo ideal o nível de umidade;
• Aumenta a eficiência na aplicação dos fertilizantes, uma vez que estes são aplicados associados com água na região de maior atividade do sistema radicular;
• Menor tráfego de máquinas dentro da lavoura, contribuindo para menor custos com combustível, bem como gerando menor compactação dos solos;
• A irrigação por gotejo diminui a emissão de amoníaco, gerando vantagens para o meio ambiente;
• Aumento significativo na produtividade;
• Maior uniformidade na lavoura, facilitando assim os tratos culturais, bem como a colheita.

Sabe-se que o estabelecimento do sistema ainda é caro, e para adoção deste deve-se fazer uma análise de viabilidade econômica levando-se em consideração o potencial produtivo da cultura e os investimentos a serem feitos. Entretanto, os benefícios alcançados com essa prática aparecem rapidamente e justificam tal investimento. Para o bom funcionamento do sistema é essencial a presença de um profissional no ramo. Atualmente, existem diversas empresas que fazem a instalação/manutenção da aparelhagem e para melhor escolha da prestadora de serviços é importante o produtor buscar informações e indicações a respeito da mesma. Diante disso, a fertirrigação se torna um complemento a prática da irrigação por gotejamento trazendo inúmeros benefícios e se tornando um elo essencial na construção de uma agricultura altamente lucrativa ao produtor.